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AGRADECIMENTO PÚBLICO:

Poderá não ser vulgar encontrar a imagem de um Campo Santo
Ver mapa maior">(clique aqui para ver a imagem) postada num blogue. Mas há uma razão muito válida para tal, a de agradecer publicamente às pessoas que, anonimamente, têm cuidado e ornado a campa dos meus saudosos pais, António do Marta e Josefa dos Ferreiros. Estou feliz por ter sabido quem são e eternamente agradecido a ambas pelo carinho desinteressado e a estima dedicada. Nós vos estamos gratos para todo o sempre. Bem-haja.

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31/03/2007

AS PARTIDAS DO VINHO DOCE E O FIEL AMIGO





O VINHO VERDE DOCE, EU E O CÃO


Mais uma peripécia em mais um dos dias de luta de minha Mãe para conseguir alimentos para si e os seus filhos e correspondendo ao chamamento do meu avô materno, Domingos José de Araújo (Domingos dos Ferreiros, nome pelo qual era mais conhecido), por um sinal combinado, de que quando ele precisa-se de minha Mãe para trabalhar, - e minha Mãe aproveitava para que nós nesse dia tivesse-mos alimentação assegurada - colocava no dia anterior uma toalha branca (sinal combinado, Internet daquela época) na janela de sua casa no lugar de Barjes, do outro lado do Rio Vade, em frente ao lugar do Tojal.
Nesta altura eu ainda não andava na escola, pois entrei nela já com quase 8 anos de idade, minha Mãe levou-me com ela, e é claro que eu comia mas também tinha que trabalhar e muito. Nesse dia a tarefa era levar o vinho novo, ainda um pouco doce mas já com álcool, de uma grande casa com 2 pisos, à qual chamava-mos Cabana, onde o meu avo tinha o lagar no piso de baixo, todo lajeado, com grandes dornas feitas em madeira a onde se pisava a uva, (agora já existem em Aboim, tanques feitos de cimento como o que a casa dos meus pais no Tojal tem já há muito tempo).

O vinho já estava em condições de ser levado para as pipas que estavam na adega térrea fresquinha, no fundo da casa em que meu avô habitava, um pouco mais a baixo, num percurso de cerca de 100m, (hoje entre as duas casas passa a estrada). Percurso este que, eu e minha Mãe percorria-mos de cantro (cântaro) de barro cheio, eu levava-o ao ombro e a minha Mãe à cabeça onde intercalava uma rodilha (um pano enrolado em forma de ninho). Algum tempo depois minha Mãe acreditou que a meio do percurso, eu encostando-me ao muro ali pousava o cantro para descansar, mas a situação era bem outra. Minha Mãe de pé a trás, foi-me observando e aos esses e esses que eu já fazia, apanhou-me com a "boca na botija", melhor dizendo, eu a beber pela malga de barro branca (tigela) que previamente tinha escondido ali junto do muro. Eu fugi, porque minha Mãe quando zangada mostrava alguns "espinhos ", mas eram espinhos de Roseira com o fruto de algumas Rosas para os filhos (alimentos), e quando os espinhos atingiam o meu corpo fisicamente, não me doía muito, porque eu sentia que a ela lhe doía muito mais.

Fui-me afastando, lembro-me de numa dada altura ter passado ao lado de umas poças de água (pequenas represas que ali se usam para regar os campos e lavadouro público de roupas) próximo da actual casa em Barges da irmã do meu Pai, a minha Tia Angelina (Angelina do Marta). Nesta altura, já tinha a companhia de um Cão, que não me lembro a quem pertencia, lembro-me isso sim, e muito bem, que acordei cheio de frio, agarrado ao Cão debaixo de uma meda (moreia) de palha de centeio, pertença de uma irmã mais velha de minha Mãe, a minha Tia Maria. Pelo lado de baixo da casa desta minha tia, havia a "minha figueira". Saindo debaixo da meda e ao aproximar-me da casa de minha Tia ela estava a rezar na frente de um Oratório na sua sala de jantar. Eu tremia, o Cão gania e ela veio ver quem era, exclamando. "Ai meu filho que andam todos à tua procura com lampiões, até já andam a procurar-te no rio", chorava de alegria e logo se apressou a levar-me a casa de meu Avô que era perto dali.

Minha Mãe ao ver-me, apertou-me com tanta alegria chorando que até deu para eu beber algumas lágriminhas que se despendiam do seu rosto e deu-se mais uma vez, o milagre dos "espinhos" transformados em rosas. Ah, nesse momento já não estava "bêbado" mas, com uma foooome, pois já passava das duas horas da manhã. Reparei que a madrasta de minha Mãe (Rosa), exclamou: "Ai meu Deus, vou já tirar o lampião da janela" (Lanterna de Candeia a Petróleo). É que tinha sido combinado que quando me encontrassem, tirava-se o lampião da janela, para que todos parassem de me procurar e regressassem a suas casas descansados.

Meu Avô, com aquele bigodinho sempre bem aparado, olhava-me profundamente e notava-se no seu olhar contentamento por eu ter aparecido são e salvo. Minha Mãe dizia-me às vezes, fitando-me com um sorriso e olhar brilhante que, eu era parecido com meu Avô e nesta minha foto no início deste texto, de quando eu tinha 13 anos, quem conheceu o Sr Domingos dos Ferreiros, poderá comparar, a verdade é que a minha Mãe também era parecida com ele. Antes de me ir deitar procurei o "meu anjo da guarda", o Cão, mas já tinha terminado a sua tarefa e deve ter voltado para o ninho onde me "deu guarida". Ora digam lá se eu não fui um "bêbado de vinho novo" com sorte?

Escrito por Félix Vieira

22/03/2007

A MINHA FIGUEIRA

A BURRA DO MEU AVÔ E A FIGUEIRA

Em Aboim da Nóbrega era (é?) uso chamar-se Burra ao que em português comum se designa por Égua, no presente caso a Burra do meu avô paterno, Sr Domingos dos Ferreiros (este o nome porque era mais conhecido), era uma Burra das mais grandes, muito bonita, esperta e tinha muitas outras qualidades. Era o transporte privado do meu avô, ele equipava-a muito bem, tinha muito jeito para manualmente trabalhar os arreios com as suas distinções, o que se tornava mais saliente ainda quando ele fazia os seus próprios jugos para as bacas (vacas). Meu avô, tinha jeito para tudo, era o que se poderia chamar de "homem dos sete ofícios", era ele que cortava o meu cabelo, comentando às vezes "tens um cabelo torcido, sais lá ao teu pai", mas o meu Pai tinha um cabelo bem liso, falava mesmo em sentido figurado. Meu Avô e meu Pai nunca se entenderam lá muito bem, esteve sempre de pé a trás, desde o começo do namoro com a minha Mãe. Às vezes ouvia perguntarem a minha Mãe se gostava muito de meu Pai e a resposta não se fazia esperar: "Oh moça está lá calada mulher, o puto é/era muito bonito".
Com esta Burra branca, que ao longe mais parecia um potente Cavalo, meu avô concorria nas provas dos concursos que se realizavam entre Portela do Vade e Santo António Mixões da Serra, atravessando os caminhos de Aboim da Nóbrega por Barges, porque nessa altura ainda não havia estrada. Existiam prémios, não só para os que chegassem nos primeiros lugares, como também, para os que apresentassem as melhores burras (éguas) e cavalos, os melhores adornos e os mais bem trabalhados, cada um exibindo os seus motivos.
Era com esta Burra e seus bons equipamentos que o meu avô se deslocava para todo o lado. Depois tudo era arrumado, da forma que ele tinha destinado, ninguém ousava tocar nos apetrechos e adornos para a Burra, mas meu avô deixava-me cuidar dela em tudo.

Zelar por ela enquanto ele tratava de algum assunto, como por exemplo, enquanto ele assistia à missa. Sabem, meu avô fazia parte dos dois ou três homens que assistiam à missa, entrando pela porta lateral da Igreja que fica entre a torre dos sinos e a capela, ficando entre as Senhoras, na parte da Igreja que a elas pertencia (parece-me que ainda hoje assim é). Reparei nisso aquando dos funerais de meu Pai e minha Mãe (que Deus os tenha em descanço), e nas missas a que assisti por alma deles, sem qualquer intenção ou propósito, fiquei no meio das Senhoras, e os seus olhares, até de rapariguinhas dos 10 aos +/- 18 anos, falavam comigo isso mesmo. Minha Mãe quando falava de meu avô, dizia que ele também era muito bonito.
Era eu que quando estava na casa do meu avô tratava da Burra, levando-a a pastar nos campos ou nos montes. Nos montes chegava a ficar por lá semanas, às vezes tinha que a ir buscar quando o meu avô precisava dela. (Nesse tempo não havia ladrões de gado…). Os equipamentos que eu usava na burra chamavam-se, em plaxo (placho), ou seja, sem nada, mas eu conduzia-a sem dificuldades, tinha-mos os nossos códigos, o que não obstou a que, nalgumas circunstâncias me tivesse visto em apuros, como numa das vezes que a ia pôr a pastar num campo junto a um dos moinhos, como o que se vê no mini filme do Rancho das Lavradeiras de Aboim da Nóbrega.
Deslocava-me devagar para lá, na saída de Barjes (sentido Lameiras), quando de surpresa pássaros levantaram vou-o com forte barulho, a Burra espantou-se desatou a galope, eu não conseguia domina-la, ao chegar ao pé do dito moinho, estancou e eu voei para cair meio dentro de água. Doeu um pouco, reparei que a burra se aproximava de mim, como que a pedir desculpa, montei novamente e lá continuamos amigos.
Numa outra ocasião em que, minha Mãe voltou a deixar comigo a minha irmã Rosa, chegado o momento de levar a Burra para pastar, não tive outro remédio senão levar minha irmã comigo na Égua, o que veio a acontecer mais vezes. Nesse dia, levava-a comigo sentada em cima da Burra atrás de mim agarrando-se com muita força, nessa altura já minha mana estava começando a falar e repetia muitas vezes: "féiiis eu cai…", por sorte e graças à Burra nesse dia não caiu, porque logo de seguida, ao aproximarmo-nos do tal local a onde a Burra já se tinha espantado anteriormente, desta vez parou e eu não consegui que ela me obedecesse enquanto não tirei minha irmã de cima, também desci e caminhamos até ao nosso destino.
De outra vez quando fui buscar a Burra, já ao pôr do sol, caminhado para casa junto à fonte do Dente Santo, pareceu-me que ela vinha contrariada, talvez quisesse estar mais tempo no campo pois estava calor. Mais a diante tivemos que subir uma transversal em direcção à casa do meu avô que confluía com outro caminho que tinha uma grande Figueira alongada para cima da transversal, que eu ao passar a cavalo debaixo dela tinha que me deitar sempre para as crinas da Burra bem agarrado. Nesse dia ao passar esqueci-me de me baixar, bati nesses ramos a Égua espantou-se e fugiu, mesmo tendo-me eu agarrado nas ramagens da figueira, partiram e eu dei com os costados naquela calçada de pedra grande (tipo calçada romana). Mas sabem, tive muita sorte, porque quando reparei bem, estava à beira de um precipício com aproximadamente 12 metros de altura e a Burra também desta vez se aproximou de mim e encostou-me a cabeça como que a fazer tadinho… Era um "puto" de sorte, não era…? Dali em diante sempre que ali passava, reparava como gato escaldado…, dizendo para com os meus botões, olha a minha figueira…
Nota: Nesta imagem, que alguém de bom gosto fez, vê-se toda a área de Barjes e envolventes, por onde eu me deslocava com a Burra do meu avô materno.
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Escrito por Félix Vieira
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19/03/2007

DIA DO PAI



Neste Dia do Pai, mesmo a título póstumo, quero prestar homenagem ao meu Pai que, Deus tenha em descanso, (na foto tirada em 1972), que em Aboim da Nóbrega no lugar do Tojal (foto aérea Google), iniciou o meu Ser, bem como a existências de mais 5 irmãos meus.

Circunstâncias da vida impuseram que não vivesse permanentemente no agregado familiar, mas isso não impediu que estivesse presente na medida do possível e não esqueço o apoio que me deu ao longo da vida, com especial destaque para o meu primeiro emprego aos meus quase 13 anos de idade, na mesma entidade patronal em Vila Franca de Xira a onde ele era o chefe de cozinha.

Hoje que também sou pai de 2 filhos, que são para mim uma felicidade, compreendo o que pais e filhos/pais sentem ao comemorar o Dia do Pai. Numa campa no Campo Santo, que se percebe nitidamente no canto inferior esquerdo do foto Google, têm agora morada eterna os meus PAIS. É com muitas saudades que lhes desejo PAZ ETERNA ÁS SUAS ALMAS.

UM BEM HAJA A TODOS OS PAIS DO MUNDO

Escrito por Félix Vieira
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